Quem sou eu?

Tenho saudades de andar descalço. Sinto falta do cheiro da terra depois da chuva e de roubar manga. Lembro com carinho dos beijos roubados sob o caramanchão de Maracujá. Ainda choro ao assistir "A menina e o Porquinho". Atiro muito bem de estilingue. Nunca tive espingarda de pressão, mas ainda vou ter. Tenho vontade de empinar pipa sempre que o dia está bonito. Eu sei que é feio, mas sei fazer um excelente cerol.

Corrida, rolimã, bicicleta, patins, outra bicicleta. Saltos impossíveis e um tornozelo que de vez em quando ainda dói. Cicatrizes no joelho e um corte no pulso que já rendeu histórias bizarras. Um pé quebrado tentando saltar da escada, apendicite e MUITAS doenças de criança - caxumba, sarampo e similares.

Já tentei assoviar e chupar cana, só pra ver mesmo se era impossível. As vezes olho uma árvore e me imagino em cima dela, balançando. Fui campeão mundial de "Bets" na minha rua. Era tão ruim, mas tão ruim de bola, que mesmo sendo o dono da dita, era escolhido por último. Ainda assim consegui quebrar o braço jogando no gol.

Me apaixonei pela Tia Rita, do prezinho. Minha mãe me ensinou a ler. Meu pai me deu meu ATARI, e com isso criou um monstro. Aliás, eu cheguei ao fim do tempo em Pitfall. Meu trauma de infância foi não ter tido um Super NES. Na Primeira série a professora me bateu com a régua de madeira. Será que é por isso que minha letra é horrível?

Me viciei em documentários sobre vida selvagem ainda antes da adolescência. Era hostilizado na escola por conta das minhas notas. Boas demais. E a pior parte era que eu adorava estudar. No segundo grau tentei fugir do esquema de ser nerd e virei o adolescente revoltado. Por conta disso sei a discografia da Legião Urbana quase de cor. Rodei em quatro vestibulares. Não terminei duas faculdades. E me sinto feliz assim. Apesar de adorar estudar e ter sempre um pitaco sobre qualquer assunto. Aliás, odeio os intelectualóides que só repetem o que viram em jornal/tv/blog/whatever.

Meu primeiro beijo foi brincando de novela. Éramos o par romântico e sem beijo a brincadeira perdia o sentido. Escrevia cartas anônimas para meus amores. Só uma descobriu e me fez de piada pras amigas. Minha primeira vez foi com uma mulher 3 anos mais velha e foi um fiasco digno de vergonha. Já da segunda em diante as coisas foram mudando...

Amei muitas mulheres, e a todas dei nome de canção. Não sei se muitas me amaram, mas sei que as importantes sim. Tive uma fase cafa, da qual me arrependo. Namorei, noivei e casei com tudo o que tenho direito. Lembro-me da imagem dela como se fosse agora. Chorei como se estivesse nascendo de novo (o que, aliás, tem um fundo de verdade). Hoje sou nerd assumido, músico e acho que escrevo alguma coisa.

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